Wednesday, June 11, 2008

Carnaval, Natal e Festividades

Se você pensava que o Carnaval é muito celebrado somente no Brasil, leia o texto a seguir com bastante atenção. O carnaval na Suíça é um evento muito comemorado, mas ao contrário daqui, o que vemos não são pessoas com pouca roupa aproveitando a praia no verão, mas sim muita união da população em tradições que já vêm de muitos anos.

Em uma fria manhã de fevereiro acordo com uma ligação de outras intercambistas, detalhe que eram quatro da manhã, dizendo que em breve me buscariam em casa para irmos às ruas celebrar o tal “Fasnacht”, ou o carnaval dos suíços. Às quatro e meia eu estava pronta na frente de casa, vestida do jeito que a minha família hospedeira havia dito: roupas brancas, gorro branco, um lenço vermelho no pescoço e um sino de vaca bem grande – lembrando que na Suíça todas as vacas usam sinos no pescoço (nos meus primeiros dias por lá eu não conseguia dormir à noite por causa do barulho dos sinos das vacas que ficavam lá fora. Mas depois acostuma).


Cheguei na cidade de Solothurn, e percebí que não era somente eu que estava com aquela roupa meio estranha: Todos estavam. E não eram somente sinos, mas panelas e tochas de fogo. O motivo disso? Comemorar e fazer muito barulho para espantar o frio – e que frio! Centenas de pessoas caminhavam pelas ruas fazendo um barulho insuportável, mas rindo muito, bebendo e criando uma atmosfera que realmente ajudava a espantar aquela temperatura abaixo de zero. A caminhada durou pouco tempo, talvez porque ninguém agüentasse o barulho por mais de alguns minutos, e fui com meus amigos para um bar, às 6 da manhã, para esperar o horário de ir para a escola.




Às 8 horas fomos todos para a aula. Eu tinha uma roupa reserva na mochila, é claro. Para não passar a vergonha de ir com aqueles trajes para a escola. Quando cheguei lá, porém, me surpreendi que o pessoal todo ainda estava com as roupas do Fasnacht, e no final das contas fui eu que acabei ficando deslocada com trajes normais.

Quando a aula da tarde acabou, fomos todos juntos para o centro de Solothurn, para ver o que eles chamavam de Carnaval. Eu, acostumada com o nosso carnaval do Brasil, pensava que ia ser uma coisinha de nada, mas estava errada.

Uma produção à altura do carnaval do Rio (exceto que no calor do Rio de Janeiro ninguém aguentaria vestir tais roupas…), e desfiles que me deixaram quase boquiaberta e me ensinaram a lição de nunca subestimar as tradições dos outros países.



No final das contas, tive o melhor carnaval da minha vida por lá. E eu que achava que o carnaval do Brasil é que era legal…


Falando em comemorar, tive a chance de pela primeira vez passar um Natal no frio de verdade, e ver neve durante as comemorações de final de ano. Lá na Suíça o Papai Noel tem motivo para usar aquelas roupas para frio. Lá as pessoas comemoram com pinheiro e presentes também, só que algumas coisas são diferentes. A ceia da minha casa, por exemplo, foi salmão defumado com pão e bolachinhas de Natal que nós mesmos fizemos.



A preparação para o Natal durante o mês de dezembro é muito especial, e para mim mais especial ainda. Todos os dias, quando saía da escola já estava escuro (pois eram cinco da tarde no inverno), e eu ia passear pelo centro da cidade só para ver a decoração de Natal e sentir aquele clima maravilhoso. Foi em um desses passeios que senti a neve caindo de verdade, e enquanto ouvia música com meus fones mal conseguia acreditar na sorte que eu tinha por estar lá. A saudade do pessoal no Brasil era enorme, mas a felicidade por viver tudo aquilo era maior ainda. As lojas estavam todas decoradas, e as luzinhas iluminavam o meu caminho até a estação de trem naquele frio que congelava quase até os fios de cabelo.



As feiras de Natal também acontecem com muita freqüência, e nelas se encontra de tudo, desde enfeites de Natal até utilidades em geral. São um momento para as pessoas se encontrarem, trocarem algumas palavras, e seguirem em frente com suas compras, às vezes sequer se importando com o frio que fazia por ali.


Monday, May 26, 2008

cinema

"O cinema constitui um meio sem precedentes de visualizar os sonhos."
Joffre Dumazedier


Eu nem sei quando foi a última vez que fui ao cinema.

Será que isso tem alguma influência sobre os meus sonhos?

Tuesday, May 13, 2008

A Fantástica Fábrica de Chocolate (e queijo)


Quem nunca sonhou em comer chocolate à vontade até não poder mais? Eu tive a oportunidade de visitar uma fábrica de chocolate na Suíça, e sim, comer até não aguentar mais. E ainda depois aproveitar para visitar um local onde se produz queijo, para degustar um pouco do tal famoso queijo suíço.

Em uma manhã de junho, acompanhada por uma amiga suíça e uma russa peguei um trem e dois ônibus até chegar na estação que nos levaria em outro pequeno trem até um vilarejo chamado Broc, no centro do país. Esse transporte ocorria em horários determinados, e tinha um objetivo específico: levar os visitantes até o local onde a fábrica de chocolate da marca Cailler é localizada. Chamar a ida lá de ‘experiência única’ é pouco, porque eu realmente me senti como se estivesse dentro da “Fantástica Fábrica de Chocolate”do filme. Com um pouco menos de fantasia, é claro. Ao descer do trem uma leve brisa tocou meu rosto, e o cheiro de chocolate impregnou cada centímetro ao meu redor. Conforme caminhava e me aproximava da fábrica o cheiro aumentava – o número de turistas também. Esperava conhecer um pouco sobre chocolate suíço e talvez experimentar algum. Mas o que me aguardava lá dentro não era apenas muita informação e um ou dois chocolates para degustação: era uma sala inteira, todos os tipos de chocolate que você pode imaginar – e muito mais.



Os turistas podiam comer chocolate à vontade, até não aguentar mais. Só que foi nessa hora que entendi o truque do cheiro de chocolate: depois de alguns pedacinhos do doce, você já estava tão enjoado do cheiro que nem queria comer mais. E é claro, não podia colocar na bolsa e levar pra casa. Me forcei a experimentar quase um de cada sabor, e saí de lá não podendo mais ver chocolate na frente por algum tempo.

Voltamos para o trem para fugir da “Cidade de Chocolate”, quase agoniadas com a demora para sair de lá – não ter mais cheiro de chocolate no ar foi um alívio. E então fomos para uma cidade lá perto, onde uma outra fábrica nos esperava.




Como eu já falei em outro texto, a base da alimentação suíça é batatas, chocolate e queijo. E nossa, MUITO queijo. E eu fui conhecer a origem disso tudo: uma fábrica que contava – em quase todos os idiomas – a história do queijo no país, e como funcionava a sua produção, passo a passo. Aparelhos modernos eram entregues para nós na entrada do passeio, e eu pude sintonizar para receber a explicação em português – que no final das contas acabou ficando meio chata e eu fiquei trocando para outras línguas, por mais que não entendesse muita coisa do russo ou do mandarim que estava sendo falado.

Depois de aprender muito sobre o queijo (mais do que eu precisava na verdade), achei que iriamos para uma sala para degustar todos os tipos, como havia sido na fábrica de chocolate. Mas nesse lugar eles eram um pouco mais modestos, e apenas nos deram uma sacolinha com quatro tipos de queijo para experimentar – aí entendi porque não tinha o cheiro de queijo no ar.


Monday, March 31, 2008

Os pequenos vilarejos Suíços

A Suíça, a exemplo de vários outros países europeus, é composta por algumas cidades principais e inúmeros vilarejos que rodeiam estas cidades. Enquanto a cidade possui todas as facilidades necessárias, como escola, supermercado e hospital (mas nada de shopping center!!) , os vilarejos possuem as casas antigas, o povo acolhedor e a história da Suíça em cada detalhe que os olhos podem alcançar.
Durante os 11 meses do meu intercâmbio, morei em com uma família suíça em Hessigkofen – um vilarejo de 200 habitantes (isso, você leu certo, duzentos) no noroeste do país. A experiência de viver em um local tão pequeno – apesar de um pouco chocante a princípio – foi única.
Todos os dias, para ir à escola, eu andava 7 km de bicicleta, para chegar na estação, e pegar um trem que em 8 minutos chegaria em Solothurn – a cidade “grande” de 20 mil habitantes, que era o centro para os vilarejos da região. Chegando lá, mais um ônibus de 15 minutos e estava na escola.
O percurso de bicicleta era minha parte favorita: um pouco de vento no rosto (às vezes um pouquinho gelado demais no inverno...) e a sensação de liberdade enquanto eu descia o morro para chegar à estação de trem.




Hessigkofen possui um pequeno mercado, uma piscina pública (na qual tínhamos que pagar o equivalente a 4 reais para entrar a cada vez), uma escola para crianças e algumas coisas mais. Nada de novo no front, até eu descobrir o que esse pequeno vilarejo tinha de diferente dos outros: Uma loja de motos da Harley Davidson. Nunca consegui entender o porquê, e nem vi muitos motoqueiros por lá, mas foi uma descoberta meio bizarra.



Como em qualquer outro vilarejo, alguns hábitos eram preservados nas famílias. A minha família hospedeira tinha o costume de aos domingos sair para passear, com seus dois cavalos puxando uma ‘carruagem’ (nunca descobri uma palavra melhor para descrevê-la), na qual sentávamos e sentíamos a leve brisa passar pelo rosto, enquanto cumprimentávamos os vizinhos e eu encantava-me ainda mais com cada cenário novo que via.

Suíça – Pequeno país, Grande experiência

Foi em um pequeno país chamado Suíça que tive as maiores experiências da minha vida. O ano que passei lá foi repleto de aprendizado, descobertas, e, sem dúvida, muitas visitas a lugares maravilhosos.

Dia 1º de setembro de 2005 um avião da Air France decola do aeroporto do Rio de Janeiro. O rumo dele? Paris. Dentro dele os sonhos e expectativas de onze jovens brasileiros que buscavam uma oportunidade de crescimento e independência em outro país. Muitas horas de vôo mais tarde, o avião toca o solo do aeroporto Charles de Gaulle.


O nervosismo aumenta, enquanto os jovens correm para pegar sua conexão com direção ao aeroporto de Zurique. Pouco menos de duas horas de vôo, e o momento havia chegado: colocar os pés no país que seria sua casa pelos próximos 11 meses.

Foram dez outros estudantes brasileiros, que comigo aguardavam ansiosamente por suas malas na esteira do aeroporto de Zurique. Ao todo onze jovens, que conheceram suas novas famílias, e se direcionaram para os quatro cantos do pequeno país Suíça. Quatro cantos bem diferentes, podemos dizer assim. Um país com o tamanho equivalente a 1/6 do Rio Grande do Sul, que tem nada menos quatro idiomas oficiais: alemão, francês, italiano e romanche. Mas os contrastes não param apenas nos idiomas. As tradições, educação e modo de viver são muito diferentes em cada cidade que se visite por lá.

Minha expectativa, ao sair do Brasil para realizar um intercâmbio, era de conhecer muitas pessoas novas, e saber como se vive em outro país. Mas, acima de tudo, ter uma experiência em que pudesse ser independente, e aprender outro idioma.

Suíça foi o país que escolhi. Até hoje às vezes me perguntam o porquê de ter selecionado esse país tão pequeninho, escondido no meio da Europa. E antes de ir, eu não saberia como responder. Agora sei. E vou compartilhar um pouco da maravilha que tive a oportunidade de conhecer. Mas já deixo avisado: fotos e palavras expressam quase nada do que a Suíça na verdade é.

Sunday, March 9, 2008

Em 2008 eu vou…

Ok, texto de ano novo atrasado.
Acho que a ficha está demorando um pouco para cair. Logo logo já é abril, e minha vida continua na mesma. Mesma vida boa ou mesma vida ruim, você escolhe. É quase como aquela do copo meio cheio ou copo meio vazio, mas meio fora do clichezão. Enfim.
Novamente, o ano novo passou. Estava olhando algumas fotos da virada de ano de 2006 para 2007. Fiquei chocada. Como minha vida mudou, como EU mudei. Ainda bem.
Naquela virada eu sorri muito, chorei muito, gritei. Pulei as ondas como de praxe, busquei algo novo. Tomei decisões que mudariam meu rumo, chamei em voz alta na beira da praia por um personagem que não existia. Ri demais, desabei em lágrimas. Seriam elas de felicidade, tristeza ou simplesmente alívio? Um ano dificil aquele, 2006. E ele tinha chegado no final. Muitas mudanças, sentimentos extremos.
Voltando mais no tempo, pensei em 2005. A virada pra 2006 foi a mais bizarra (e talvez por isso feliz?) que já tinha acontecido. Suíça, muita neve. Alguma coisa faltando. Uma partezinha do meu eu que tinha ficado pra trás lá no Brasil. Passamos a tarde na fila para comprar ingressos para uma festa. Estava chovendo, e nunca fui tão esmagada em toda minha vida. Acabamos não conseguindo os tais ingressos, e admito que fiquei muito aliviada. Nunca gostei de festas, sabe como é. Nem festa de elite na Suiça ;) Minha amiga americana e eu voltamos para a casa dela, que estava vazia porque a familia hospedeira estava em festa com os amigos. Obviamente, todos têm amigos. E nós estavamos lá, sem saber o que fazer, com uma dorzinha no coração pela situação em que estávamos no momento. Junto com uma amiga, mas longe de todos os outros. Acabamos por decidir comer chocolate na frente da televisão, olhando um programa sobre as pessoas com corpos mais bonitos do mundo. Era top 100 eu acho. Só não sei quem ganhou o primeiro lugar, porque a essa altura eu já estava longe… Mais ou menos no numero vinte-e-poucos (lembrando que eles mostram as coisas de trás pra frente, of course) decidimos pegar a garrafa de champagne que estava lá na cozinha esperando por nós. Depois de alguns goles (ou copos, como preferir) colocamos música alta, e ficamos cantando e dançando Beatles até não aguentar mais. Saudades daquela noite.
Mas enfim, faz um tempão, e dentro da minha cabeça na verdade parece que foi mais do que há… 2 ou 3 anos, meu cérebro está com problemas e não me permite fazer a conta.
Porém esse era pra ser um texto de resoluções para 2008, então vamos começar:
Em 2008 eu terei uma virada de ano mais interessante do que comer lentilha e ir pra praia pular as ondas com minha vó e minha prima.
Em 2008 eu vou me preocupar um pouco mais com as pessoas ao meu redor, mas ainda assim me colocar em primeiro lugar nas minhas ações.
Em 2008 eu vou buscar fazer algo que impacte mais o mundo ao meu redor, mesmo sabendo que isso é totalmente utópico.
Em 2008 eu vou aprender a controlar o meu humor, para não machucar mais aqueles que só querem o meu bem.
Em 2008 eu vou valorizar todas as minhas amizades, não só aquelas que eu estou afim de valorizar no momento.
Em 2008 eu vou aprender a organizar mais meu tempo, para perder menos tempo com inutilidades mas ainda assim ter mais tempo para elas.
Em 2008 eu vou decidir um rumo para o meu futuro. Não necessariamente para um futuro distante, mas ao menos saber o que será da minha vida mês que vem.
Em 2008 eu não vou me deixar levar por um relacionamento ou por um possivel amor. Se acabou significa que acabou, e não adianta gastar minhas lágrimas por isso.
Em 2008 eu vou aprender a dançar, e acima disso, aprender a gostar de dançar.
Em 2008 eu vou me dedicar muito ao japonês, para que possa ter alguma chance por lá em um futuro próximo.
Em 2008 eu vou me vestir como bem entender, e me importar menos com o que estão pensando.
Em 2008 eu vou tirar tempo para as coisas que me fazem bem, como assistir doramas e passar horas vendo videos de jrock no pc.
Em 2008 vou colocar em prática a frase que o chileno me falou, que nenhum homem merece lágrima alguma minha.
Em 2008 eu vou voltar a fazer alguma atividade física, e gastar minhas energias com isso ao invés de com pensamentos ruins.
Em 2008 eu vou escrever textos legais, e vou começar o meu livro.
Em 2008 eu vou me dedicar ao máximo para tudo aquilo com que eu me comprometer. Dar o melhor para alcançar os melhores resultados.
Em 2008 eu vou ler o jornal todos os dias, e me manter informada sobre o mundo ao meu redor.
Em 2008 vou fazer a @NH alcançar seus resultados em intercâmbio.
Em 2008 eu vou ler mais livros, voltar a tirar tempo para leituras fora as obrigatórias da pesquisa.
Em 2008 eu vou melhorar meu relacionamento com meu pai, e começar a ter conversas de verdade com ele.
Em 2008 eu vou assistir mais filmes, sobre os mais variados assuntos. E me deixar levar de verdade por eles.
Em 2008 vou mostrar para as pessoas que eu amo que eu realmente as amo. Não quero jamais deixar para que seja tarde demais.
Em 2008 eu vou buscar conselhos das pessoas, mas seguir minha própria cabeça.
Em 2008 eu vou ser mais decidida.
Em 2008 eu vou buscar conhecer melhor a mim mesma, e entender o que se passa na minha cabeça.
Em 2008 eu vou melhorar minha auto-confiança, e acreditar que sou capaz de alcançar o que quiser.
Em 2008 eu vou parar de perder tempo escrevendo textos com coisas que vou fazer no ano, porque vou gastar esse tempo indo lá e fazendo-as.
Mas acho que vou deixar pra começar na segunda-feira…

Escrever bem como fas

Pensei que algum dia eu poderia ter um surto criativo, e conseguiria escrever, escrever e escrever.


Não aconteceu.


Eu acreditava que sempre era a falta de tempo que me fazia não poder produzir. Daí passei um ano fora, no qual acreditava que conseguiria escrever muito, manter um diário e quem sabe até (!) escrever meu livro.


Não aconteceu.


Pensei que faltava inspiração. Que era só algo de bom ou ruim acontecer para eu poder produzir muito. Ou que eu deveria ter um lugar para escrever, e pessoas que lessem meus textos. Pois bem, tenho um note e tenho quem peça (!!!) para ler o que escrevo. E a vontade de escrever aconteceu?


Não aconteceu.


Eu achava que assim que fizesse um blog teria vontade de escrever todos os dias, que faria textos legais e que teria orgulho deles.


Não aconteceu.


Quando entrei pra faculdade de jornalismo achei que ia ter liberdade (e consequentemente a imaginação suficiente) para escrever o que eu quisesse, páginas e páginas de algum assunto irrelevante para os outros, mas que para mim fizesse o maior sentido do mundo.


Pois é, adivinhou. Não aconteceu.


O que será que faz as pessoas conseguirem escrever tanto? Por que uma simples junção de palavras pode mexer tanto com a cabeça dos outros? Afinal, são relatos que vêm de alguém. Como se faz para que os outros queiram ler o que tu produz? Para que as pessoas imaginem o mesmo que tu está imaginando, ou sejam atraidas o suficiente pelo teu texto para que criem a cena dentro da sua própria cabeça e queiram continuar lendo e imaginando, imaginando, imaginando? Como é possível escrever textos que não sejam tão vazios, e que contenham palavras inteligentes?


Como é que funciona essa coisa de escrever?

Tuesday, January 29, 2008

Como começar

Eu queria saber como começar o blog.

O titulo já estava decidido há bastante tempo. Eu acho. I want to become the wind.
Queria fazer deste um espaço para textos espontâneos. Todo estudante de jornalismo tem um blog, foi o que me disseram. Mas antes eu tenho que aprender a escrever espontaneamente. Já pensei em tantas coisas que gostaria de colocar aqui, tantos pensamentos que poderiam virar palavras. O que me pergunto é se o bloqueio é por eu ser uma pessoa confusa demais ou por simplesmente não ter capacidade. Ou por exigir demais.
Escrevo, apago, refaço. Como se fosse melhorar alguma coisa.
Se eu tivesse uma maquina de escrever tentaria escever um texto inteiro sem refazer nada, simplesmente colocando as idéias que surgem no papel. Eu tenho uma na verdade, mas como tantas outras coisas na vida, falar é bonito, fazer é totalmente diferente. Quem sabe um dia, em uma tarde de inverno o tédio tome conta de mim e eu busque a velha máquina com algumas letras faltando e decida escrever alguma coisa. Só pra ficar guardado, só pra ver se minha teoria daria certo.
Eu já tive um blog uma vez. Já comecei várias vezes, mas desisti antes de terminar o primeiro texto. Começo a escrever e percebo que falta alguma coisa. Tantas pessoas escrevem coisas legais, por que eu não consigo escrever algo –melhor- que elas? Afinal, sou uma aspirante a jornalista, e deveria ter ao menos alguma capacidadezinha maior que pessoas em geral. Mas não é bem assim. Corrijo os outros mas sequer sei se o que eu escrevo é certo.
O meu outro blog deveria ter sido bloqueado da minha memória há tempo. Eu não queria, mas ainda sei o endereço de cor. Se não fosse 1:15 da manhã e eu não tivesse que trabalhar amanhã iria lá ler. Mas sei que ver textos pobres, com palavrinhax assim me fariam sentir muito mal. Pensar que eu já fui assim um dia me dá um certo nojo de mim mesma.
Por que será que a gente muda tanto ao longo da vida? Será que é somente o amadurecimento? Não sei se a personalidade que temos é construida com a gente ou se de certa forma ela já estava lá quando nascemos. Por que gostamos de um tipo de musica e não de outro? Talvez seja por alguma imposição das nossas companhias. Mas também pode ser que é algo que já vem nos genes. Tipo lá no momento no qual fui concebida (e realmente me poupo de pensar sobre isso. Tenho certeza que minha mãe ainda é virgem) alguma informação cruzou com alguma outra e disse: Essa menina vai gostar de música japonesa. Será que não pode ser assim? Se bem que se eu nunca tivesse ido naquela aula de inglês na escola na qual minhas colegas mostraram uma banda meio estranha eu nunca sequer saberia que poderia vir a gostar desse tipo de musica. Tudo que lembro da apresentação das minhas colegas era o video que tinha bailarinas com algemas nos pés que eram tipo espinhos que as faziam sangrar (ou algo assim) e que o passatempo preferido de um dos membros da banda era incomodar o outro. Engraçado que poucos anos depois essa informação me parece algo tão banal quanto saber fazer cálculos. Quem diria que eu viria a gostar tanto assim dessa banda aí que elas apresentaram, que eu iria em um show deles na Alemanha, choraria tanto e quase morreria de emoção por estar em uma distância menor deles do que olhos-tela-do-computador, que era o máximo de contato que eu acreditava que teria até então.
Minha mãe acredita que tem alguma coisa a ver com vidas passadas. Mesmo sendo luterana, ela lê alguns livros espíritas, e me disse que eu devo ter sido uma japonesa em outra vida. As vezes eu penso que eu queria ser nesta.
E já é 1:27 e eu devo dormir.
Escrever esse texto nem foi tão dificil assim.

Sunday, January 27, 2008



A musica alta ecoava pelos corredores, transformando vibrações em batidas, emoções em ações. Ela sentia. O ritmo forte conduzia a todos, mas não a levava a lugar algum. Os seus pensamentos ainda estavam la. Com ele. E ao seu lado, mais nada. A musica, as luzes, o coração.
Ela encaminhava-se ao salão. Seus pés a levavam para onde ela sabia que não queria chegar. O colar havaiano enfeitava seu delicado pescoço, em um descompasso com as roupas que não transmitiam emoção alguma. Enquanto umas procuram a perfeição, ela busca a distância.
Os chinelos que protegiam levemente a sola de seus pés não contribuiam para atravessar aquele curto corredor. Curto mas ao mesmo tempo tão longo. Longo longo longo. Uma fração de segundo e uma infinidade de pensamentos. E a batida fcava mais alta. Mais forte, forte, forte. E ela nem queria.
E chegou lá. E o que mais? Nada. Ele estava lá. Como sempre, como nunca… Como nunca mais.
As luzes continuavam a brilhar com a mesma intensidade, e o som machucava seus ouvidos. Mas e ele? Machucava seu coração. O que vem fácil também vai fácil.
A bebida em suas mãos tornava-se mais amarga a cada dose. A dança, os movimentos. Ele. E por quê? Aqueles abraços, conversas no ouvido, todas as outras. Procura ele um meio para apaziguar seus sentimentos? Ou ele não sente nada simpesmente? Será que doía nele tanto quanto nela doía? Será que ele sequer sabia?
Mas e os olhares, as conversas… não demonstram? Estaria ela mostrando de forma errada ou a mensagem que se perdia no caminho até o seu coração?
Ele não queria saber. Ela não entendia. E sentada lá via o mundo como sempre. Mas como nunca.
Luzes, dança. Tanto passando por dentro. Arrepio. Seria o destino tão cruel assim?

The endless story is still not over. Not yet, maybe never.
To be continued.

Thursday, January 24, 2008

同じ世界



So now I shall continue this Odyssey of mine. I realize that time and circumstances have favored me. In this life of mine, I have seen a small part of the world, been loved and ignored. Yes, the world has given me its best and a little of its worst. Knowing this, I am never too shocked at the bad things that happen, and I am agreeably surprised at the good. I have no design for living, no philosophy. I vacillate with inconsistencies; at times small things will annoy me and catastrophes will leave me indifferent.

Schopenhauer said happiness is a negative state—but I disagree. For these nineteen years I have known what happiness means. I wish I could write more about this, but it involves love, and perfect love is the most beautiful of all frustrations because is more than one can express. As I get to know the people around me better, the depth and beauty of their character is a continual revelation to me.
With such happiness, I sometimes sit out on my terrace in the evening and look over a vast dark blue sky in the distance, with shining stars and a wonderful full moon. Sometimes I get lost in my thoughts, and whenever I believe what I cannot make it anymore, I remember that my future awaits, full of accomplishments and new emotions, and that under that same sky is the person that will help me reach the perfect happiness. And in this mood I think of nothing but to enjoy the magnificent serenity of simply being there.


Inspired on the last page of Charles Chaplin`s Biography